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Consulta do Viajante, a consulta que protege quem viaja

Dos conselhos médicos às vacinas necessárias para a sua viagem internacional, a Consulta do Viajante é fundamental para acautelar riscos de saúde, para si e para os outros. Saiba mais sobre este tipo de consulta.

31 Ago, 2021
10 min de leitura

Destino marcado, itinerário escolhido e passaporte válido. Vacinação completa contra a Covid-19 e respetivo Certificado de Vacinação da União Europeia e/ou testes negativos, de acordo com as normas em vigor de cada país. Tudo parece estar pronto para, daqui a umas semanas, viajar para fora de Portugal, em trabalho, lazer ou por outro motivo. Mas será que já marcou também a sua Consulta do Viajante? Essencial para avaliar e prevenir riscos de saúde na sua viagem – que vão muito além dos riscos de Covid-19 –, a Consulta do Viajante permite-lhe obter conselhos, medicação e vacinas específicas para uma estadia mais protegida no estrangeiro. Conheça todos os benefícios deste aconselhamento médico pré-viagem.

Além do contacto direto com diferentes paisagens e culturas, viajar pode também ser sinónimo de riscos acrescidos de saúde. Desde a exposição a doenças infeciosas inexistentes em Portugal à falta de acesso a medicamentos ou dificuldades nos cuidados de saúde no país de destino, passando por acidentes, mordeduras de animais ou até “doença da altitude” (que deve ser acautelada em viagens de montanha), são vários os cenários de alerta, sobretudo em destinos mais exóticos. Mas a verdade é que a grande maioria destes riscos também pode ser acautelada com precauções e cuidados a ter antes, durante e após a viagem. E é precisamente esta a utilidade de uma Consulta do Viajante.

 

Em cada consulta, os médicos especialistas fazem uma avaliação individualizada dos riscos de saúde da viagem planeada, tendo em conta o historial médico e o estado de saúde de quem vai viajar, a duração da estadia, as características do destino, o tipo de alojamento e também o itinerário e as atividades previstas. Feita a identificação dos riscos, passa-se à etapa seguinte: aconselhar e informar o viajante sobre a melhor forma de evitar e minimizar possíveis problemas de saúde durante a viagem e a estadia. E, caso necessário, prescrever vacinas indicadas para a viagem e medicação a levar na bagagem.

Quem deve recorrer à Consulta do Viajante?

A Consulta do Viajante é importante para qualquer pessoa que vá viajar para o estrangeiro, mesmo que tenha um historial médico aparentemente saudável. É ainda mais importante quando se viaja para destinos com doenças diferentes das que existem no nosso país ou mais prevalentes, sendo que esta situação pode acontecer também quando se viaja para destinos europeus.

 

Além dos riscos de saúde individuais, são avaliados e acautelados possíveis riscos relacionados com o país de destino e com as atividades previstas durante a estadia. Em contexto de Covid-19, a Consulta do Viajante permite também informar sobre a evolução epidemiológica e medidas específicas de prevenção da transmissão a ter em conta no destino.

Marque a sua Consulta do Viajante pelo menos 45 dias a dois meses antes da viagem.

 

Tendo em conta a extensão de temas e cuidados de saúde abordados numa consulta de medicina do viajante, esta é útil para qualquer pessoa que viaje. Para quem seja mais vulnerável, devido ao seu historial médico ou situação de saúde atual, ir a uma consulta destas é fundamental, sobretudo para acautelar possíveis faltas de medicamentos ou necessidade de utilizar cuidados de saúde deficitários nos países de destino. Incluem-se, nestes casos mais vulneráveis, as crianças, as pessoas com doenças crónicas, os imunocomprometidos, os idosos e as grávidas, entre outros.

 

Tal como há pessoas mais vulneráveis, existem também países cujos riscos de saúde exigem, à partida, mais cuidados de saúde preventivos – e que tornam ainda mais pertinente a Consulta do Viajante. Tenha, por isso, especial atenção se for viajar para países tropicais, países com surtos ativos de doenças infeciosas (como dengue ou febre amarela, por exemplo), países com piores condições sanitárias ou com recursos deficitários de assistência médica e farmacêutica.

 

Recorrer à Consulta do Viajante é também uma questão de saúde pública: ao proteger-se de doenças infeciosas no destino, evita o risco de trazer a doença no regresso a Portugal e contagiar outras pessoas.

O que pode esperar de uma Consulta do Viajante?

As consultas do viajante são asseguradas por equipas com competências nesta área. Por isso, será aconselhado por médicos experientes em várias doenças relacionadas com viagens e contextos internacionais, que estão atentos às alterações constantes da saúde global: novos surtos epidemiológicos, alterações de padrões em infeções resistentes a antibióticos, por exemplo, ou mudanças nos requisitos de saúde à entrada de certos países. Tudo para que o aconselhamento que recebe seja o mais possível atual e adequado ao momento em que vai viajar.

 

De forma geral, uma Consulta do Viajante inclui:

 

  • Avaliação individualizada dos riscos da viagem, incluindo riscos pessoais do viajante, na viagem, do país de destino, dos vários tipos de alojamento e das atividades a serem realizadas durante a estadia.
  • Educação e aconselhamento sobre como prevenir adequadamente os riscos identificados.
  • Informação sobre doenças endémicas ou surtos epidemiológicos que sejam um risco no país de destino, modo como se transmitem e formas de prevenção.
  • Recomendações de cuidados para evitar as picadas de mosquitos e de outros vetores da doença no caso de doenças transmitidas por vetores (utilização de repelentes, por exemplo).
  • Informação sobre cuidados a ter com água e alimentos, no caso das doenças transmitidas por via oral.
  • Prescrição de vacinas ou de medicação preventiva contra as doenças que representam um risco acrescido no país de destino.
  • Informação sobre a sintomatologia das doenças mais comuns no destino e sobre as atitudes a ter quando o viajante tem problemas de saúde quer durante a viagem, quer no regresso ao país de origem.
  • Aconselhamento sobre o que fazer em caso de diarreia e de outras doenças.
  • Recomendação e prescrição do estojo médico a levar pelo viajante – que inclui medicação habitual e medicação específica para tratamento –, adequado aos riscos de determinadas doenças frequentes no destino.
  • Informações sobre assistência médica de emergência no país da estadia e da necessidade de seguros de saúde específicos.

Lembre-se de levar consigo o seu documento de identificação, o boletim individual de saúde/vacinas, o Certificado Internacional de Vacinação, e, caso já o tenha, o certificado digital Covid-19 da União Europeia.

Viagens para fora da União Europeia: que vacinas são recomendadas?

De forma geral, algumas das vacinas recomendadas em caso de viagens internacionais já fazem parte do Programa Nacional de Vacinação:

 

  • Tétano
  • Difteria
  • Hepatite B
  • Sarampo
  • Papeira e rubéola
  • Poliomielite
  • Gripe (a vacina da gripe não faz parte no Programa Nacional de Vacinação, mas existem orientações em vigor da Direção-Geral da Saúde)

Há necessidade, no entanto, de verificar se estas vacinas foram administradas nas idades a que dizem respeito, se as doses foram administradas corretamente e se são necessários reforços para quem viaja.

 

Além disso, vacinas adicionais são recomendadas para certos destinos. É o caso das vacinas contra a febre amarela (recomendada ou obrigatória para destinos em África e América do Sul, devendo ser administrada pelo menos 10 dias antes da viagem), contra vários serotipos que podem causar doença meningocócica, contra a febre tifoide, contra a encefalite japonesa, contra a hepatite A ou contra a raiva, entre outras.

Que riscos de saúde podem ocorrer numa viagem?

A exposição a doenças infeciosas graves – como a dengue, malária, febre amarela, Zika, Chikungunya, febre tifoide ou ébola – é um dos maiores riscos de uma viagem internacional, sobretudo em regiões tropicais e subtropicais. Daí a prescrição de vacinas e medicação feita na Consulta do Viajante, assim como o aconselhamento de comportamentos preventivos.

 

Dependendo da doença, a infeção pode ocorrer por picada de inseto (ou mordida de outros animais), por transmissão direta de outra pessoa, pela via oral ou pelo contacto com material contaminado. É importante, por isso, reconhecer a sintomatologia associada a estas doenças, adotar medidas preventivas, nomeadamente contra a picada de insetos (como o uso de repelentes) e ter cuidados específicos com os alimentos e água que consome.

 

De recordar que a diarreia é uma das principais causas de doença em quem viaja para destinos internacionais, de acordo com a Direção-Geral da Saúde. Sendo ligeira em muitos casos, a diarreia do viajante pode tornar-se grave em pessoas mais suscetíveis. Também aqui, numa lógica de prevenção, é preciso ter muita atenção ao que come e à água que bebe durante a sua viagem. Recomenda-se, por exemplo, que só beba água engarrafada e não ingira frutas com casca e legumes crus (de forma a evitar alimentos potencialmente contaminados), além de lavar frequentemente as mãos.

 

Certas atividades e itinerários em cada viagem também apresentam riscos particulares. Uma estadia fora de áreas urbanas pode aumentar o risco de exposição a picadas de insetos e mordidas de animais (que podem transmitir raiva), por exemplo, enquanto atividades como a exploração de grutas habitadas por morcegos aumentam o risco de raiva e de histoplasmose. Nadar em rios ou lagos de países do hemisfério sul pode levar à Schistosomose, uma infeção causada por parasitas existentes em águas doces superficiais contaminadas, sendo apenas aconselhados banhos de mar. Visitas a locais de elevada altitude (acima dos 2.500 metros) acarretam o risco de desenvolvimento de “doença da altitude” que, se não for prevenida ou tratada, pode levar à insuficiência respiratória, coma e mesmo morte.

 

Outros riscos mais ‘comuns’ incluem quedas, acidentes, jet lag, desidratação, queimaduras solares, crises respiratórias, obstipação, hipotermia, alergias, fadiga ou falta de medicamentos habituais – que, sem uma rápida assistência médica e farmacêutica, podem originar situações mais graves. Um problema que pode ser grave é a ingestão de medicamentos de contrafação, que são comuns em alguns países de fracos e médios recursos.

 

Estes são só alguns exemplos da multiplicidade de riscos que uma viagem acarreta. Tomar os devidos cuidados antes e durante a estadia – de acordo com as recomendações da Consulta do Viajante – permite-lhe desfrutar de uma viagem mais segura e protegida, repleta de boas recordações.

Para informações de saúde atualizadas sobre o destino para onde pretende viajar, poderá consultar as “Travel Health Notices” do CDC – Centers for Disease Control and Prevention ou o website “Fit For Travel” da PHS – Public Health Scotland, ambos em inglês.

E depois da viagem?

Se, no regresso da sua viagem, tiver algum problema de saúde, sintoma ou desconforto, procure aconselhamento médico o mais depressa possível, especialmente em caso de febre, dores musculares e/ou articulares ou arrepios de frio.

 

As consultas de medicina tropical pós-viagem são recomendadas caso regresse de uma estadia prolongada num país de baixo rendimento, tenha sido exposto a uma doença infeciosa durante a viagem ou tenha sintomas de febre, diarreia persistente, vómitos, icterícia, alterações do foro génito-uninário ou doenças dermatológicas.

O Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade Nova de Lisboa (IHMT-NOVA) é um dos centros de referência nacionais para consultas de medicina do viajante e medicina tropical. Poderá recorrer também a consultas da especialidade disponíveis em alguns centros de saúde e aos centros de vacinação internacional em Portugal.