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As pessoas vacinadas podem transmitir o vírus?

Já recebeu a vacina contra a Covid-19, mas tem dúvidas sobre se poderá ser infetado no futuro e se as pessoas vacinadas podem transmitir o vírus a outros? Conheça a resposta.

17 Ago, 2021
6 min de leitura

O grande objetivo das vacinas profiláticas – ou preventivas – é prevenir uma doença (ou sintomas graves dessa doença), ensinando o sistema imunitário a defender-se em caso de futura exposição a um agente infecioso (como, por exemplo, vírus ou bactérias). Mas será que as pessoas vacinadas podem transmitir o vírus ou a bactéria que está na origem da doença? A maioria das vacinas existentes – como é o caso das vacinas contra a Covid-19 – não confere uma proteção completa contra a infeção e transmissão.

“Já fui vacinado contra a Covid-19. Preciso mesmo de continuar a usar máscara? Corro o risco de voltar a ser infetado e de transmitir o vírus?” À medida que a campanha de vacinação contra a Covid-19 avança, surgem também dúvidas – expectáveis – sobre o nível de proteção que é conferido pelas vacinas. Uma das questões mais comuns é saber se quem está vacinado pode, ou não, continuar a transmitir o vírus.

 

À semelhança de qualquer medicamento, nenhuma vacina é 100% eficaz. Existem uma série de fatores – como, por exemplo, a idade, a existência de outras patologias ou o facto de um indivíduo já ter tido contacto com a doença – que influenciam, de pessoa para pessoa, a eficácia de uma vacina.

Para responder a esta pergunta é importante lembrar primeiro como funcionam as vacinas e quais os níveis de proteção que oferecem à população. De uma forma geral, as vacinas podem proteger as pessoas contra uma doença infeciosa, contra o desenvolvimento de formas graves de uma doença e contra a transmissão do agente infecioso. Mas nem todas as vacinas atuam da mesma forma e conferem os mesmos níveis de proteção.

 

Num cenário ideal, a vacina perfeita seria aquela que gera a chamada “imunidade esterilizante” ou “imunidade estéril”. Esta acontece quando é desencadeada uma resposta imunitária que se prolonga ao longo da vida e bloqueia por completo a infeção, impedindo, consequentemente, a continuação da transmissão do agente infecioso. No entanto, alcançar este nível de imunidade é extremamente difícil.

 

De realçar, contudo, que mesmo que uma vacina não elimine totalmente a possibilidade de uma pessoa ser infetada, caso isso aconteça muito provavelmente irá desenvolver sintomas mais ligeiros da doença do que aqueles que teria se não tivesse recebido a vacina. Isto acontece porque as vacinas treinam o nosso sistema imunitário para criar anticorpos e outras defesas contra as doenças. Além disso, em caso de infeção, a possibilidade de pessoas vacinadas transmitirem o vírus (ou outro tipo de agente infecioso) é, à partida, mais baixa do que no caso de alguém não vacinado.

Covid-19: as pessoas vacinadas podem transmitir o vírus SARS-CoV-2?

As vacinas contra a Covid-19 autorizadas em Portugal conferem um elevado grau de eficácia na proteção contra o desenvolvimento de sintomas graves da doença e reduzem o risco de morte, mas não impedem totalmente que uma pessoa vacinada possa ser infetada pelo SARS-CoV-2.

De acordo com os dados da Direção-Geral da Saúde, de meados de julho de 2021, apenas 0,1% dos portugueses com o esquema vacinal completo tinham sido infetados com o vírus. É possível, no entanto, que esta percentagem seja inferior à realidade, uma vez que muitos casos de eventuais infeções em pessoas vacinadas podem não ter sido detetados devido à ausência de sintomas.

Em relação ao real contributo das vacinas contra a Covid-19 para bloquear a transmissão do vírus, ainda não há dados suficientemente sólidos para retirar conclusões definitivas. Inicialmente, estudos davam conta da existência de bons indícios sobre a diminuição da capacidade de uma pessoa vacinada ser infetada pelo vírus. Para além disso, nas pessoas vacinadas e que depois tinham sido infetadas, a capacidade de transmitir o vírus a outras pessoas era também muito inferior, provavelmente devido às cargas virais mais baixas detetadas nos indivíduos vacinados. Por exemplo, um estudo realizado em Israel indicava que, nas pessoas vacinadas e que depois tinham sido infetadas, a probabilidade de transmitir o vírus aos outros membros do agregado familiar era 78% inferior, quando comparadas com pessoas infetadas sem vacina.

 

No entanto, o aparecimento de novas variantes do vírus, com maior poder de transmissibilidade, está a alterar alguns destes pressupostos. Um relatório do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC), nos EUA, indicou recentemente que as pessoas vacinadas e depois infetadas com a variante Delta podem transmitir o vírus com a mesma rapidez e facilidade do que as pessoas não vacinadas. Na sequência destes novos desenvolvimentos, os EUA voltaram a recomendar a utilização de máscaras em espaços fechados, mesmo para quem já tenha a vacinação completa.

 

Também em Portugal, as autoridades de saúde continuam a recomendar a manutenção das medidas de proteção contra a Covid-19 para quem tenha o esquema vacinal completo. “As vacinas conferem proteção contra a doença, mas não protegem necessariamente outras pessoas caso sejamos ‘portadores’ e transmissores do vírus, sem exibir sintomas. As máscaras e o distanciamento diminuem a probabilidade de que possamos infetar outras pessoas caso sejamos ‘portadores’ do vírus sem saber”, recomenda a Direção-Geral da Saúde.

 

Apesar dos desafios que as novas variantes do SARS-CoV-2 estão a colocar às autoridades de saúde, é importante sublinhar a eficácia das vacinas na prevenção das formas graves da doença, na redução dos internamentos hospitalares e do número de mortes em qualquer das variantes identificadas. Ainda recentemente, num comunicado conjunto, a Autoridade Europeia dos Medicamentos (EMA) e o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) sublinharam a relevância das vacinas como arma de eleição no combate à pandemia. “As pessoas vacinadas estão mais bem protegidas contra os efeitos severos da Covid-19 do que as pessoas não vacinadas. Todos devemos esforçar-nos para sermos totalmente vacinados o mais cedo possível”.